18 de fev. de 2008

O laço (de Alma Welt)

(233)

Ultimamente ao chegar perto do poço,
O laguinho da cascata que assim chamo,
Eu sinto um aperto no pescoço
Que não posso explicar, do qual reclamo.

Aqui eu mergulhei desde criança
E o fiz sem roupas claramente
Pois nunca perdi a esperança
De viver como vejo em minha mente

Num mundo de pureza e liberdade
Onde o senso de pecado não existe
Uma vez que não existe nem maldade.

Por quê então a dor (eu me refiro
ao laço na garganta) que insiste
Em me embargar tirando-me o respiro?

15/01/2007


Nota da editora

Encontrei este impressionante soneto inédito na arca de minha irmã e que me emocionou sobremaneira pois me fez ver o quanto a Alma pressentia, misteriosamente, o seu fim, inclusive somatisando os sintomas de seu estrangulamento pela corda em seu pescoço, com que foi encontrada flutuando a um palmo da superfície do poço, ancorada a uma grande pedra. Ainda assim, como já contei, restam dúvidas quanto à natureza de sua morte. (Lucia Welt)

Nenhum comentário: