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Aqui, no Pampa desta Alma
Os poetas mortos vêm me ver
E hospedam-se com prazer e calma
No casarão que ama os acolher.
E então reunidos no salão
Ou na biblioteca a conversar
Param um momento a confusão
Para em silêncio me ver atravessar
Sorrindo à direita e à esquerda,
Mas na verdade nua como Helena
Para assim poupar-lhes a desfeita
De recebê-los somente bem vestida
E não com a visão que vale a pena
Pois a ela dedicaram sua vida...
09/01/2007
Nota da editora:
Como todas as beldades Alma tinha consciência de sua extraordinária beleza, e isso fazia com com que se desnudasse com enorme facilidade e candura, eu diria mesmo generosidade. Não era de surpreender que ela imaginasse receber os seus queridos Poetas imortais oferecendo a todos, em conjunto, a visão de sua nudez deslumbrante. Pode-se dizer que o soneto implica até mesmo numa certa modéstia, pois sugere que a grande poetisa colocava a beleza física que Deus lhe deu, como o melhor que ela tinha a oferecer de si aos seus "hóspedes" famosos. Entretanto podemos também interpretar o soneto como uma alegoria da dádiva ou procura da beleza que é, em última instância, a meta de todo poeta ou artista, lembrando que Keats na sua "Ode a uma urna grega" a associa à Verdade:
"A Verdade é a Beleza, a Beleza a Verdade
Isso é tudo o que há para saber." (John Keats)
20 de set. de 2007
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