20 de set. de 2007

Quando a macieira floreceu (de Alma Welt)


Assinatura e título do quadro "A Maciera de Alma Welt", de Cipriano Sousa


A Macieira da Alma Welt- óleo s/ tela de 80x60cm, de autoria do pintor primitivo baiano Cipriano Sousa, que se tornou grande admirador da Alma e a homenageou com este quadro.
(217)

Quando a macieira floreceu
Eu me prosternei perante a ARA
Invocando o poder que prometeu
E a Poesia que a ela consagrara.

E ao começar cair chuva fininha
Unindo assim a terra ao céu
Soube que o portal agora tinha,
Como segredo encoberto por um véu.

Ó chuva delicada dos meus deuses
Que me banhou de maneira deliciosa
Fazendo-me aceitar os meus adeuses!

Pois senti que eu podia terminar
Pondo o ponto final na minha prosa,
Que a Poesia começava a ressoar...

18/01/2007

Nota da editora:

* ARA- os iniciados na poesia da Alma sabem que ela assim chamava a sua macieira sagrada do pomar desde a infância. Trata-se das iniciais de Alma e Rôdo gravadas por ela a canivete num coração no tronco da árvore, produzindo a palavra "ar" (alento,vida, inspiração) acrescentada posteriormente do A de Aline, um forte amor de sua vida que ela trouxe para cá vinda de São Paulo e produzindo a palavra "ara" (altar).

Comoveu-me ao extremo este soneto, em que se percebe claramente uma despedida da Alma, e um fecho à sua obra. O presentimento de sua morte eminente já se manifestara em muitos sonetos de sua série Pampiana, mas este tem o tom de um encerramento, que me fez chorar lembrando a figura sagrada da grande poetisa minha irmã cuja vida se passara de maneira tão rara, em beleza, delicadeza e poesia. (Lúcia Welt)

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