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Meu cavaleiro, leva-me contigo
Embora eu saiba muito cavalgar!
Mas para onde levaria meu umbigo
Se o meu destino eu mesma carregar?
Voar nas asas do condor do pampa,
Quisera ir ao longe em outra asa,
E ver o mundo não como uma estampa
Folheada em livro aqui de casa.
Ser levada, conduzida, sem escolha,
Por um forte coração, ó fantasia!
Sentir a mão do outro qual poesia
Que traça o rumo próprio do meu verso
E que no espaço exíguo de uma folha
Me conduz por todo um universo!
09/01/2007
Nota da editora:
Neste soneto, Alma, que foi sempre muito autônoma e livre, manifesta a secreta e profunda fantasia feminina de ser levada, conduzida, raptada pelo forte destino e coração de um cavaleiro, isto é, do amado. A abdicação, voluntária ou não, de um destino próprio, fez a história feminina ao longo dos séculos e lançou raízes no inconsciente coletivo das mulheres. Alma aqui justifica em termos poéticos essa escolha da não escolha. Em que pese a beleza e o lirismo do soneto, ele expressa um instante de desfalecimento ou de renúncia da usual rebeldia da poetisa Alma. (Lucia Welt)
6 de set. de 2007
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Um comentário:
Mais uma maravilha da Alma!
Um soneto para figurar nas melhores antologias do soneto mundial! Lucia querida, nós, fãs da Alma somos gratos a você por estar revelando ao mundo as preciosidades até então inéditas da sua genial irmã. Muito pertinente e preciso também o seu comentário de editora.
Abraços da Leandra
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