30 de ago. de 2007

Palavras à Lúcia (de Alma Welt)


(óleo s/ tela de Guilherme de Faria, coleção particular, São Paulo)

(174)

Doce Lúcia, irmã mais parecida
Comigo do que talvez quiséssemos,
Que viveste tanto tempo sem guarida
No meio dos teus sem que soubéssemos,

Pois que eras casada com um tirano
A te fazer sofrer, que te humilhava
Como se foras um farrapo humano,
Não mais que um joguete, uma escrava.

Ah! Se eu soubesse, bem que havia
De prestes te tirar de onde estavas
E haveria de virar a tua mesa

Fazendo-te olhar a tua beleza
E os dons que sem saber desperdiçavas,
A represar em ti tanta poesia!

15/01/2007

Nota da editora:

Emocionadíssima encontrei no caderno recém-descoberto, que passarei a chamar de "Caderno secreto", estas "Palavras..." de minha irmã dirigidas a mim, que me revelaram o quanto ela me amava e se preocupava com minha deplorável situação conjugal, que não obstante deve ter sido de destino (como sempre é), pois meu péssimo marido de qualquer forma legou-me dois filhos lindos e preciosos, que não herdaram nenhum dos seus terríveis defeitos, mas sim as suas qualidades. (Lúcia Welt)

Um comentário:

Anônimo disse...

A poeta Alma Welt em um momento de profundo carinho, revela de maneira magistral neste soneto, a vida da não menos poeta Lúcia Welt, amada musa dos pampas gaúchos, minha musa.