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Mal deito-me de noite no meu leito
Começo a caminhar no labirinto,
Que é este casarão dentro do peito
Com os seus fantasmas de absinto:
O espectro gargalhante de minha avó
Frida, velha bruxa feiticeira,
Joachim, meu avô se ergue do pó
E me cobra ser também uma guerreira,
A Walkíria que ele espera, ai de mim!
Que ando com medo da minha sombra,
Na fatal condenação talvez sem fim,
Ao vê-la c'uma corda no pescoço*,
Que temo ou pressinto e que me assombra
Fazendo-me acordar em alvoroço...
17/01/2007
Nota da editora:
*"fantasmas de absinto"- esta notável imagem criada por Alma deve ter nascido da demonstração de nosso pai, o Vati, que um dia ilustrou para nós, dramaticamente, a forma com que tantos poetas e pintores se destruiram nos cafés de Paris no fim do século retrazado. Ao preparar o absinto numa taça especial, na mistura que se fazia necessária o líquido ficava sinistramente esbranquiçado, e com um aspecto fantasmagórico.
* " ... c'uma corda no pescoço"- Este verso me assombrou, pois mostra que a Alma anteviu a forma com que iria morrer, projetada como sua sombra na parede, em seu pesadelo. Agora que sabemos não ter sido suicídio, mais nos confrange e dói, por sabê-la temerosa, sofrendo sua morte violenta como visão ou pressentimento, ela, que entre tantos dons tinha também, e infelizmente, o da vidência. (Lucia Welt)
11 de ago. de 2007
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