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Debaixo da minha macieira,
Por sagrada que é, fui desnudada.
Pela primeira vez a gurizada
Podia ver a guria nua inteira.
Então um guri, quase um piá,
Apontou-me o dedo ao baixo-ventre
(esse guri até ontem vi por cá ):
"É isto que tu vai dar pra gente?"
"É tão pequena, um risquinho, sem pipi!
Bah! Não vale a pena, dou desconto,
Mas te quero ver fazer xixi."
E foi então que em leve desaponto
Sem agachar-me urinei-me pela perna
Para uma platéia atenta e... terna.
17/01/2007
Nota de editora:
Este episódio humorístico da infância da Alma ocorreu mesmo, de verdade, como tudo o que a poetisa conta na sua qualidade de grande confessional. Mas reparem que sob o ternamente patético, há sempre uma dose de simbolismo arquetípico em tudo o que a Alma conta de sua infância. Sua macieira "sagrada", que ainda está lá no nosso pomar (o Jardim do Éden), era para ela a árvore da inocência nunca perdida, para além do bem do mal, a árvore da eterna infância.
5 de ago. de 2007
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