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Havia um peão na minha infância
Que me salvou de pequena enrascada:
Eu fora atravessar com muita ânsia
Uma cerca e fiquei toda enroscada.
Meu vestidinho enganchou-se no arame,
E quanto mais aflita, mais vexame.
Até que o peão chegou solícito
Com um carinho sério, mas implícito.
E ficando meu vestido em farrapos
Fui trazida em seu cavalo qual princesa
Que tivesse se perdido na floresta.
Mas chegando ao casarão levei sopapos
De minha mãe, a rainha da dureza,
Eu que esperava (e ainda espero) aquela festa...
12/01/2007
Nota da editora:
Me lembro bem deste episódio. Era dia do aniversário da Alma, e ela tinha ganho um vestidinho novo da Mutti. Estava toda faceira vestida com ele desde a manhã daquele dia, mas, amorosa, ao ver um potrinho quiz abraçá-lo, e ao tentar atravessar a cerca de arame farpado ocorreu o narrado no soneto. Chegou realmente em farrapos, chorando nos braços do peão (Rôdo ainda exclamou brincando: "Bah! Mire a princesa farroupilha! Cadê o Garibaldi?"), e nossa mãe, exasperada ao ver o estado do vestido, deu-lhe um tapa. Muito sensível, aquilo estragou a festa de aniversário que preparamos para ela.(Lucia Welt)
6 de ago. de 2007
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