"A cigana Rafisa"- desenho de Guilherme de Faria, a pincel, nanquin e aquarela, sobre papel Shöeller montado, de 74x51cm, coleção do artista.
(115)
Rafisa* esteve aqui e revelou-me
Que *Josué espera a minha volta
E não consegue esconder a sua revolta
Com a partida que afinal facilitou-me
Entregando-me na casa do italiano
Em pleno Carnaval-frevo de Olinda
Depois de voarmos meio ano
Por cima daquela terra linda.
"O Pavão Misterioso* nos espera,
(eu li isto em minha própria palma)
Mas não no carroção, minha tapera."
"Quero voar contigo, minha Alma,
No *tapete voador do Josué,
Do Recife à muito vera *Santa Fé!"
12/01/2007
Notas da editora:
* Rafisa- Este é o nome (anagrama de Safira) da cigana recorrente nos textos da Alma. Ela existe mesmo, e era uma amiga muito fiel da Alma, que dedicou a ela um capítulo do seu romance "O Retorno dos Menestréis", e mais de uma crônica, como a "Safira eu e os ciganos" e "A peregrina" ( vide no Leia livro), onde Alma conta um terrível drama vivido por sua amiga cigana. Outra curiosidade sobre ela, foi que a partir de uma estória vivida que ela contou para a Alma e esta repassou para o seu amigo cordelista Guilherme de Faria, este compôs sua obra prima: o cordel "Romance da Vidência" (vide Leia Livro).
* Josué- Jovem sertanejo, irmão da Anunciada, personagens reais descritos primeiramente no conto da Alma entitulado "Na Trilha dos Menestréis, e depois na sua seqüência, o romance "O Retorno dos Menestréis". Alma teve um tórrido romance com esse jovem sertanejo, quando de sua viagem a Olinda e ao sertão pernambucano e paraibano, que ela transformou em conto publicado(Contos da Alma de Alma Welt, pela Editora Palavras & Gestos de São Paulo( vide capa neste blog)
e o romance inédito do qual ela publicou trechos no Recanto das Letras(apagado) e no Leia Livro.
* na casa do Italiano- Esse italiano do qual o primeiro nome é Giuseppe, é real, vive ainda em Olinda e foi "marchand" da Alma enquanto pintora.
* Pavão Misterioso - Alma persegue e incorpora esse mito
nordestino que é o fundamento central de seu conto e romance referidos acima.
* "tapete voador"- aqui, metáfora do Pavão Misterioso alusiva
às "mil e uma noites" simbolicamente vividas pela Alma no sertão nordestino
* "à muito vera Santa Fé"- Alma, através da Rafisa se refere
à cidade imaginária, mítica, da família Terra, depois Terra-Cambará, do monumental romance "O Tempo e o Vento" de Érico Veríssimo, que ela alude com a expressão "muito vera" (muito verdadeira, veríssima).
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