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Quando volto ao casarão após a lida
É que passo a ter do mundo um panorama,
A olhar a vida aqui da minha cama
E sentir a minha alma agradecida.
A vista do jardim... além, o pampa,
Eis a minha verdade, ah! o pomar,
O bosque, a cascata, ali a rampa
Que leva até o vinhedo e o lagar!
O ser humano, eu vejo, se debate
Perplexo, na vida e no mundo
Procurando a superfície e não o fundo,
E percebo que o homem só suporta
O rumor e agitação, sem que se farte,
Pelas paredes, quatro, além da porta...
5/12/2006
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Quando sopra o vento no meu Pampa ( de Alma Welt)
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Quando sopra o vento no meu pampa
Eu corro para fora do meu quarto
E sinto como revivendo o parto
Que me deu vida e jogará na campa.
Então eu rasgo o meu vestido ao vento
E me entrego nua e inteira à ventania
Sentindo entrar carícia nada fria
Que gera um orgasmo longo e lento.
Ó vento meu peão, ó haragano,
Cálido amante que ejacula a chuva
E não se avista com o velho Minuano
Que quando sopra gela-me na veia
Qual fosse de mim mesma a vã viúva
Colhendo-me na minha própria teia!
05/12/2006
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Eu vinha pela senda... (de Alma Welt)
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Eu vinha pela senda rumo ao lar
E gritei, o coração saltando, ai!
Reconheci, eu juro, o dedilhar,
Eu ouvi o piano de meu pai.
Atravessei a grande porta sem aldrava
E penetrei no santuário de seus livros.
Ali, o Steinway mudo ressoava
E vi meu pai, como antes, entre os vivos.
Ali estavam minha Mutti e a avó Frida,
O pobre Alberto, bêbado e bondoso,
E Solange que com ele ainda discute.
E entre eles, alto e majestoso,
O avô Joachin, que não quis ouvir em vida
Este piano que na morte repercute...
06/12/2006
18 de jun. de 2007
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