18 de jun. de 2007

Quando volto ao casarão (de Alma Welt)

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Quando volto ao casarão após a lida
É que passo a ter do mundo um panorama,
A olhar a vida aqui da minha cama
E sentir a minha alma agradecida.

A vista do jardim... além, o pampa,
Eis a minha verdade, ah! o pomar,
O bosque, a cascata, ali a rampa
Que leva até o vinhedo e o lagar!

O ser humano, eu vejo, se debate
Perplexo, na vida e no mundo
Procurando a superfície e não o fundo,

E percebo que o homem só suporta
O rumor e agitação, sem que se farte,
Pelas paredes, quatro, além da porta...

5/12/2006

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Quando sopra o vento no meu Pampa ( de Alma Welt)

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Quando sopra o vento no meu pampa
Eu corro para fora do meu quarto
E sinto como revivendo o parto
Que me deu vida e jogará na campa.

Então eu rasgo o meu vestido ao vento
E me entrego nua e inteira à ventania
Sentindo entrar carícia nada fria
Que gera um orgasmo longo e lento.

Ó vento meu peão, ó haragano,
Cálido amante que ejacula a chuva
E não se avista com o velho Minuano

Que quando sopra gela-me na veia
Qual fosse de mim mesma a vã viúva
Colhendo-me na minha própria teia!

05/12/2006
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Eu vinha pela senda... (de Alma Welt)

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Eu vinha pela senda rumo ao lar
E gritei, o coração saltando, ai!
Reconheci, eu juro, o dedilhar,
Eu ouvi o piano de meu pai.

Atravessei a grande porta sem aldrava
E penetrei no santuário de seus livros.
Ali, o Steinway mudo ressoava
E vi meu pai, como antes, entre os vivos.

Ali estavam minha Mutti e a avó Frida,
O pobre Alberto, bêbado e bondoso,
E Solange que com ele ainda discute.

E entre eles, alto e majestoso,
O avô Joachin, que não quis ouvir em vida
Este piano que na morte repercute...

06/12/2006

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