19 de jun. de 2007

Soneto de Nostalgia (de Alma Welt)

(17)

Quanto fui amada em minha infância!...
Como viver então sem mais viver
O reino de encanto que era a estância,
E alegria e beleza ainda manter

Se a alma deste pampa era o meu Vati*
E seu piano mágico, polido,
Agora amargo como o coração do mate
E surdo como o verso com que lido?

Perdida do pomar do paraíso
Não só a inocência mas juízo,
Desço o rio de amor da minha mente

Que me mantém acesa e ainda viva
Nesta mansão que afunda lentamente
Como um *barco bêbado à deriva...

19/11/2006


Notas da editora:

* Vati- do alemão, papai. Pronuncia-se Fáti(diminutivo de Vater
( pr. Fáter(pai)

* barco bêbado- alusão ao célebre poema de Rimbaud,
Le Bateau Ivre(O Barco Embriagado).

2 comentários:

Anônimo disse...

Alma Welt, sem dúvida,uma mulher inesquecível,amável,encantadora.
Quem conhece sua obras,tem o privilégio,de viajar na sua vida.
Sensibilidade e paixão,regem sua obra.

Sensacional!!
Carolina Pietra.leitora

wtbergamaschi disse...

É com enorme alegria que volto ao encontro desses momentos, onde uma leitura refaz minha vontade de ter mais um dia após o outro, e isso acontece ao ler algumas linhas de Alma.