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Atravessando o bosque tão amado
Me embeveço com a sua maravilha:
Musgos, líquens, o solo alcatifado
Que esconde a vida que fervilha.
Ali os cogumelos... e esses gomos
Ou orelhas recobrindo velhos troncos
Onde se escondem eles, bons gnomos,
Quando fogem dos trolls, aqueles broncos.
E de repente o pássaro ignoto
Que só canta quando piso nessa relva
Alerta-me os perigos que não noto
Pois o lobo pela Mutti encomendado
Quando eu era guria nessa "selva",
Deve ainda rondar esfomeado...
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Nota da editora
Nossa mãe, a Mutti, ou a "Açoriana" como Alma poeticamente a chamava, tentou incutir medo na Alma quando guria, a respeito do nosso bosque, que ela talvez considerasse mesmo perigoso. Mas o espírito aventureiro da Alma era mais forte, assim como o seu amor e fascínio pela Natureza, que superavam até mesmo um vago receio que restou como resíduo do mito desse "lobo", que persistiu, apezar de tudo, no espirito da corajosa guria como um ruído de fundo ou um arquétipo do Mal difuso no mundo... (Lucia Welt)
Aproveito para republicar aqui o soneto 196 para que o leitor compare ou se lembre da recorrência desse "lobo" mítico no bosque da Alma:
De lobos e guris (de Alma Welt)
(196)
Minha mãe dizia haver um lobo
No bosque aqui perto e emboscado
E que eu deveria ter cuidado
E nem sequer ir ali com o meu Rôdo,
Pois meu irmão, guri bem destemido,
Não seria páreo pro vilão
E que depois de assado e comido
Eu seria a sobremesa alí à mão.
Mas a curiosidade era mais forte
E eu entrava com ele ou sozinha
Embora jogássemos com a sorte
Pois a verdade era que eu creía
Haver o lobo que comia criancinha,
E até hoje ainda creio: o lobo havia.
13/01/2007
27 de fev. de 2008
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