15 de fev. de 2008

O sangue da terra (de Alma Welt)


Joachin Welt, o Vinhateiro (avô da Alma, com seu relho ou rebenque)-gravura em metal(ponta seca e água-tinta) de Guilheme de Faria

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Vati, ó Vati, leva a tua filha
Contigo em tua sela às pradarias.
Se vais levar sosinho uma novilha
Por quê razão a mim não levarias?

Queres que eu seja o fino espelho
De tua alma cantora e pianista,
Mas também carregas esse relho
Herdado do avô boche, o "arrivista"

Que na verdade, bom agricultor
Já lá nas suas terras dos Sudetos
Não merecia tal suspeita e rancor

Pelas uvas que plantamos desde então,
Pois que agora nos vêem, filhos e netos,
Pisando o novo sangue deste chão.


03/04/1999


Nota da editora

Este soneto recém-encontrado na arca da Alma, e que pela data foi escrito quando o nosso Vati ainda era vivo, relembra a discriminação sofrida por nosso avô, o "boche",
que, visto como um intruso ou "arrivista" andava sempre com um rabo-de-tatu na mão e veio introduzir um vinhedo estranho, na verdade pioneiro, numa terra tradicionalmente de gado, charque, mate... e lutas gloriosas. (Lucia Welt)

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