
Joachin Welt, o Vinhateiro (avô da Alma, com seu relho ou rebenque)-gravura em metal(ponta seca e água-tinta) de Guilheme de Faria
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Vati, ó Vati, leva a tua filha
Contigo em tua sela às pradarias.
Se vais levar sosinho uma novilha
Por quê razão a mim não levarias?
Queres que eu seja o fino espelho
De tua alma cantora e pianista,
Mas também carregas esse relho
Herdado do avô boche, o "arrivista"
Que na verdade, bom agricultor
Já lá nas suas terras dos Sudetos
Não merecia tal suspeita e rancor
Pelas uvas que plantamos desde então,
Pois que agora nos vêem, filhos e netos,
Pisando o novo sangue deste chão.
03/04/1999
Nota da editora
Este soneto recém-encontrado na arca da Alma, e que pela data foi escrito quando o nosso Vati ainda era vivo, relembra a discriminação sofrida por nosso avô, o "boche",
que, visto como um intruso ou "arrivista" andava sempre com um rabo-de-tatu na mão e veio introduzir um vinhedo estranho, na verdade pioneiro, numa terra tradicionalmente de gado, charque, mate... e lutas gloriosas. (Lucia Welt)
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