25 de fev. de 2008

Chuva e sol, ou La niña (de Alma Welt)


Chuva e sol no pampa de Alma Welt - óleo s/tela de Guilherme de Faria

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Rôdo, mano, vai na frente espionar
Pra ver se posso entrar pela cosinha!
Matilde já não quer acobertar
As loucas escapadas de "la niña".

Já que estou molhada e seminua,
Minha Bá achará que estou sem roupa
E a Mutti se me pega perpetua
O mito de que Alma é mesmo louca.

Com a chegada do nosso haragano,
Bah! rolar na chuva nestes prados
Com o sol em contraponto pampiano

E ter estado nos teus braços, meu irmão,
Gritando de alegria, ensopados,
Vale na certa os tapas e o sermão!

04/11/2005


Nota da editora

Ao encontrar este soneto mais uma vez me comovi, pois ele recorda um fato que testemunhei. Lembro-me bem desse dia, quando Alma ainda adolescente (15 anos) chegou ensopada, com o vestido colado no corpo (que realmente a deixava nua), linda e afogueada, entrou em casa se esgueirando e ao mesmo tempo sorridente, travêssa. Nossa Mutti era viva quando do fato portanto Alma escreveu este soneto muitos anos depois do ocorrido. O vitalismo, alegria e integração de minha irmã com a Natureza eram comoventes, e ao recordá-lo não posso acreditar que ela se foi... (Lucia Welt)

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