4 de ago. de 2007

Uma outra infância (de Alma Welt)

(133)

Em recentes noites desta estância,
Eu reconheço comecei a sentir medo,
Coisa que não tive em minha infância
A menos que isso seja engano ledo:

Me lembro de sair sem outros lumes,
Do meu leito para ir até o jardim
Para sentir o perfume do jasmim,
Nua a vagar com os vagalumes.

Agora, envergonhada eu confesso
Que, assustada acordo e me apresso
Em camisola ir ao quarto da babá,

Minha Matilde velha que me abraça
Sob as cobertas furadas pela traça,
E que me esperavam desde lá...

17/01/2007


Nota da editora:

Alma pressentia talvez a proximidade da morte. Ela que era tão corajosa, fragilizou-se nos seus últimos dias. Me lembro como ela andava emocionada o tempo todo, derramava lágrimas e abraçava a todos a todo momento, o que nos comovia sem entendermos. Daí a dois dias escreveria o seu último soneto, "A carruagem".

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