26 de ago. de 2007

Onde estarão (de Alma Wel)

(165)

Onde estará a minha irmã Solange
Que na morte perdoei e perdoou
Esta em cujos braços se encontrou
Na agonia que ainda me confrange?*

Onde estará o bêbado Alberto
Que foi o seu marido abandonado,
Que a parede da cave tendo aberto,
Me salvou, embora o tenha carregado?*

E a Mutti, que tanto quis mudar-me
Que tanta vez exagerou na sua varinha
De marmelo, e cansou de fustigar-me?

Certamente num lugar do coração
Dentro deste mais pobre casarão
Mas cuja sombra não lhes será mesquinha...

14/01/2007

Nota de editora:

Nossa irmã Solange foi assassinada por meu ex-marido Geraldo com quem estava vivendo, depois de se apossarem da herança deixada por nossos avós, e encontrada por Alberto e por Alma, na forma de uma safra de dez mil garrafas de excelente vinho tinto de 1962, depositados em estantes numa imensa adega secreta desconhecida de todos nós debaixo do casarão, e que tinha sido antiga senzala.Alma foi encerrada dentro dessa adega por Solange que era sua inimiga desde a infância. Alberto, o marido abandonado de Solange, talvez pelo seu faro de alcoólatra fora o primeiro a descobrir a adega e o segredo de sua parede rotatória secreta, salvou Alma quando esta já estava desmaiada de terror, praticamente enterrada viva em completa escuridão.No meio desses horrores, há um detalhe de humor citado por Alma no soneto: ela acabou tendo que carregar o seu salvador, de tão bêbado que estava. Isso tudo está contado num capítulo do romance autobiográfico da Alma, A Herança, do qual ela publicou alguns outros trechos (vide as páginas dela no site Leia livro) e no outro blog que abri para a sua obra: almaweltprosa.blogspot.com
(Lúcia Welt)

Nenhum comentário: