27 de ago. de 2007

O sonho da Alma com o Pavão Misterioso (de Alma Welt)


Pintura à oleo de Guilherme de Faria, de 100x100cm, óleo s/ tela, que ilustra o sonho descrito por Alma neste soneto e no seu conto "Na trilha dos Menestréis", dos Contos da Alma, de Alma Welt, publicado pela Editora Palavras & Gestos, de São Paulo. A Tela pertence à coleção daquela Editora.

Sonhei-me em miniatura e despida
Num berço flutuante e noturno,
Mas eu era guria já crescida
E tornada uma estrela por meu turno,

Que logo revelou-se-me em pavão
Cuja cauda eram contas de mil olhos
Como num mar escuro os abrolhos
Que evitar seria esforço vão.

Mas havia um som vindo do berço
Feito por músicos vestidos de gibão
Que desfiavam as contas como um terço

Dentro daquela nave delirante
Que me punha mais nua a cada instante
À medida que chegava no Sertão.

14/05/2004

Nota da editora:

A rigor este soneto não pertenceria à serie dos Sonetos Pampianos, mas como o encontrei no caderno recém-descoberto da Alma e o achei belíssimo e intrigante, decidi publicá-lo aqui. O Pavão Misterioso é o mito nordestino que mais a instigou e permeou o seu riquíssimo universo interior, inspirando-lhe um conto (publicado em livro) entitulado "Na Trilha dos Menestréis", e sua continuação no romance inédito "O Retorno dos Menestréis" (Lucia Welt)

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