23 de ago. de 2007

A Abantesma (de Alma Welt)

(163)

Ó casarão da minha infância
E que me verá adormecida
No último sono, já sem vida,
Para ser a abantesma desta estância,

Por aqui onde vivi a fantasia
De ser mulher-poema e musa errante
Do meu bosque, do jardim, da pradaria
E de todo o meu pampa circundante

E quando estiver morta, que me vejam
A galopar sob o céu da Branca Via
Nua como em vida já se ouvia

Ou mesmo que não muito créus estejam,
Afirmem pra seus piás e filhas:
"Alma vagou esta noite nas coxilhas!"

18/01/2007

Nota da editora:

Fiquei pasma com este belíssimo soneto, e o achei profético, pois é realmente o que tem acontecido por aqui: Alma tem sido vista pelos peões e suas mulheres e filhas, tanto quanto por mim, acreditem vocês ou não. Seu espectro muito branco, translúcido, vaga pelo jardim, pelo pomar e pelas colinas, perdendo-se no bosque. Eu já o segui três vezes, e numa delas encontrei na praia da cascata, brilhando á luz da lua, o anel de prata de lenço de vaqueiro que serviu para a identificação de seu assassino. Mas isto é uma penosa história que fico devendo e contarei mais tarde aqui mesmo neste blog. (Lucia Welt)

Um comentário:

Anônimo disse...

Querida Lúcia. Venho imprimindo em cores todo este blog da Alma, à medida que você o vai postando, para, de noite, na cama ficar degustando estas obra-primas. O que você postou até agora forma um magnífico livro com os seus comentários preciosos que tanto esclarecem sobre esse imenso mistério que é a sua saudosa irmã, a extraordinária poetisa Alma Welt. Entretanto estamos diante de uma obra portentosa, vastíssima, eu diria mesmo monumental. O mundo precisa conhecer melhor essa obra, traduzida em outras línguas, ou o inglês, pelo menos. Você já pensou nisso? E em livro. Dos Sonetos Completos da Alma? Vou enviar-lhe a título de experiência uma tradução para o inglês que fiz de um soneto dela.
Um beijo da Leandra