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Entre sombra e luz cai o vazio
Que é da visão e sonho o limiar,
E essa zona ambígua em tom macio
Guarda o coração em seu amar,
Posto qu'ele mesmo não é bem claro
Conquanto igualmente não escuro,
Quer o esclarecido e o obscuro
Assim como o profuso ama o raro.
Mas mesmo tão chegado a submundos
O amor mal se perde em emoções
Outras que a da luz que a ele impões,
Ó coração obstinado e incoerente
Que tens a natureza da semente
A brotar na fronteira de dois mundos!
10/01/2007
21 de jul. de 2007
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Um comentário:
Que maravilhoso soneto! Misterioso, enigmático e solene.
Sem dúvida um dos mais belos que já li em língua portuguesa. Tem até um certo tom camoniano. Alma era realmente grande, não podia ter morrido tão cedo.
Mas concordo que os bons poetas não morrem...
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