28 de jul. de 2007

A plenitude da Alma (de Alma Welt)

(123)

Guria vi meus anseios florescerem
Neste jardim em torno ao casarão,
Não era ainda o tempo de escolherem
Entre os sonhos da alma e os da razão.

Só queria crescer e acrescentar,
Ver o âmago das coisas e dos seres,
Uma certeza maior que os "pareceres",
Rever o mundo sem sair deste lugar.

E quando vi formar-se um tal esboço,
Do caos condensar-se o meu reinado,
E a mente deixar seu calabouço,

Ah! que novo prazer foi permitido,
Ver a vida voltar ao seu estado
De inocência... mas plena de sentido!

16/01/2007

Nota da editora:

Alma se refere aqui a um momento de sua vida em que havia conseguido conciliar o sonho com a realidade, e vivia numa sintonia fina com o sentido oculto dos seres e das coisas. "El sueño de la razón", que segundo Goya produz monstros, ainda tinha o significado de lucidez poética, cheia de harmonia com o mundo circundante. Ao que parece, esse sonho racional, como utopia logo haveria de mostrar a sua face terrível. Talvez seja isso que Alma não suportou. Ela que havia resistido a no mínimo três estupros em sua vida, capitulou ante a dor que ela tão heroicamente desafiava, decidida a viver num mundo de pureza, em que o sexo não conhecia culpa e era parte inerente da beleza do mundo.(Lucia Welt)

Um comentário:

Anônimo disse...

bom comeco