(124)
Quando as violetas floresceram
Eu trancei com elas a guirlanda
Com que ornei o piano que esqueceram,
Já que ali a mão dele não mais anda.
O Steinway agora é o seu túmulo
Negro como laje de granito,
E o coração ao vê-lo dá um pulo
Se olhado de repente, como um mito.
A alma ao recordá-lo mais se cala,
Que tudo nesta sala é encantado
E um espinheiro não tarda a cercá-la
Pois sentimos avançar a sonolência
Que, lenta, vai tomando a sua essência,
E um sono de cem anos é chegado...
16/01/2007
Nota da editora:
O piano de cauda Steinway, de nosso pai (o Vati)
grande pianista, após sua morte permaneceu intocado
na sua biblioteca, que por alguma razão parece mesmo
adormecida, e não ousávamos falar ali, Alma, Rôdo e eu
comunicando-nos por gestos, quando íamos procurar algum
livro ou documento.
29 de jul. de 2007
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