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Tenho sonhos e desejos impossíveis
Que não ouso sequer pôr em palavras,
Mas se as coisas que contas são incríveis,
Só tu sabes, ó mente, o que travas.
No entanto, o já escrito é verdadeiro
Tudo real, fruído ou ainda dói,
E não me envergonho se é herdeiro
Do *Divino Marquês ou de Tolstói.
Pois eu sinto que preciso escrever
Para existir, gozar ou não morrer
Com a volúpia de jorrar e mais jorrar
Assim como a cascata do meu poço,
Que embora enquanto rio busque o mar
Cuida sempre seu espelho não turvar.
04/01/2007
Nota da editora:
* "do Divino Marquês ou de Tolstói"- Alma sugere
o contraponto de dois antípodas, o Marquês de Sade
(que os surrealistas cultuavam
sob o epíteto de "o Divino Marquês"), e
o literariamente casto e quase santo escritor russo Leon Tolstói.
12 de jul. de 2007
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