12 de jul. de 2007

De sonhos e desejos (de Alma Welt)

(89)

Tenho sonhos e desejos impossíveis
Que não ouso sequer pôr em palavras,
Mas se as coisas que contas são incríveis,
Só tu sabes, ó mente, o que travas.

No entanto, o já escrito é verdadeiro
Tudo real, fruído ou ainda dói,
E não me envergonho se é herdeiro
Do *Divino Marquês ou de Tolstói.

Pois eu sinto que preciso escrever
Para existir, gozar ou não morrer
Com a volúpia de jorrar e mais jorrar

Assim como a cascata do meu poço,
Que embora enquanto rio busque o mar
Cuida sempre seu espelho não turvar.

04/01/2007

Nota da editora:

* "do Divino Marquês ou de Tolstói"- Alma sugere
o contraponto de dois antípodas, o Marquês de Sade
(que os surrealistas cultuavam
sob o epíteto de "o Divino Marquês"), e
o literariamente casto e quase santo escritor russo Leon Tolstói.

Nenhum comentário: