2 de jul. de 2007

De facas e corações (de Alma Welt)

(74)

Meu pai tinha um peão na estância
Que parecia um anjo de bombachas:
Seu olhar ficara em sua infância,
Mas na cintura ostentava faixas

Que abrigavam a dura faca de peão,
E que ah! não deveria estar ali,
Pois foi ela que no tribunal do Juri
Condenou-o a dez anos de prisão.

E eu que vira o caso se enrolar,
Embora fosse uma guria idealista
Cheguei a conclusão nada simplista:

Que entre gesto, faca e os corações
Havia todo um mundo de razões
Qu'eu levaria a vida a desvendar.

02/01/2007

Um comentário:

Anônimo disse...

O mistério Alma Welt continua... e aumenta.Uma poeta de tão grande espírito, memorialista de mão cheia, e de quem sabemos tão pouco! Porquê que não podemos ver uma fotografia dela, só ou no meio de sua família, nesse estância encantada? Ela se dá tanto, se entrega com tanta beleza e volúpia e... nos escapa por entre os dedos, como um sonho. A gente se apaixona por ela e quando vê, está sofrendo, por uma estranha falta ou carência... dessa beleza e grandeza em nossas vidas. Bem, acho que a Alma veio por isso, para isso mesmo...