30 de jun. de 2007

Todos os deuses... (de Alma Welt)


A Invocação Mágica de Alma Welt- Pintura à óleo s/ tela, de grandes dimensões (150x150cm) que ilustra o trecho do romance A Herança, de Alma Welt, que este soneto sintetisa.
(64)

Quando afinal vejo o ano se findar
À meia-noite eu faço um ritual
Ao pé da macieira do pomar
Onde eu vi os deuses e o Graal.

Sim, pois acredite-me o poeta:
Aquilo que contei no meu romance*
De esteta não foi coisa, nem de asceta
Ou de louca que a tal camisa amanse.

Ali vi chegarem os do Olimpo,
Mas junto com os outros do Walhalla
Enquanto eu passava a vida a limpo.

E foi quando todos juntos, de roldão,
Me fizeram mergulhar na própria vala
Do meu sonho, a um metro do meu chão.

18/12/2006

Nota da editora:

Alma tinha experiências visionárias desde a infância. No seu romance autobiográfico A Herança, ela conta num certo momento a invocação mágica noturna que fez, queimando ervas numa trípode (inclusive a erva-mate) diante de sua macieira sagrada, a "Ara", a fim de pedir inspiração para salvar a estância em perigo. E eis que os deuses do Olimpo e do Walhalla juntamente com os "numes dos pampas" compareceram todos tumultuadamente sobre o pomar, à luz de um luar prateado, culminando com um estranho desmaio dessa Alma sacerdotisa pagã, que a fez ficar levitando na horizontal a um metro do chão, até que o nosso irmão Rôdo apareceu correndo, chamando por ela, e a amparou tendo que empurrá-la docemente para o chão para que pousasse, e então carregá-la desfalecida, para o casarão.
Temos motivos para acreditar que essa passagem do seu livro também
é verdadeira.

2 comentários:

Anônimo disse...

Alma Welt é uma poetisa fantástica. Li o seu livro Contos da Alma, e fiquei encantado com sua literatura e seu mundo real e... profundo, poético sem ser artificial. Ela transforma sua vida e seu cotidiano, em matéria universal. É realmente o maior talento de poetisa aparecido no Brasil desde Cecilia Meirelles.

Anônimo disse...

Eu fui amiga da Alma e a visitava em seu ateliê quando morou em São Paulo, nos Jardins. Ela me emprestou os originais do romance inédito A Herança. É um dos mais belos livros que li na minha vida. E essa passagem de sua levitação é primorosa, facinante, de arrepiar. Realmente ela era uma maga... talvez uma deusa grega ou uma Valquíiria rediviva.E eu a amava... e amo.
Ah! Alma que saudades!