12 de mar. de 2008

Lindas manhãs da minha juventude (de Alma Welt)

256

Lindas manhãs da minha juventude!
Sofro por amá-las e perdê-las
Quanto maior a plenitude,
Por saber que não posso detê-las.

No despenhadeiro meu das horas
Quisera não ser tão consciente
Do fatal desfecho inclemente
Que tu, ó mente, corroboras!

Todo o meu ser se inclina ao poço
Na vertigem que é a minha estrada,
Que projetei depressa num esboço

De amor e de beleza pura ânsia
Que parece o meu pingo em disparada
Pelas sendas sagradas desta estância...

18/01/2007


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Nota da editora

Acabo de encontrar ainda este soneto, certamente da série Pampiana que eu pensava encerrada em 256. E percebo, estarrecida, que este seria, inclusive pela data, o penúltimo escrito por minha irmã que já antevia o seu poço fatal (da cascata) e para ele se dirigia conscientemente como o Cristo no Horto, se me é pemitido tal comparação. Agora que estou convencida de que minha irmã não se suicidou, mais claros e maiores me parecem seu Getsêmani e sua tragédia. (Lucia Welt)

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