(Este é o último soneto da Alma, escrito na véspera de sua morte.)
Um piano toca no salão!
Ah! e não fui eu que coloquei
Um CD ou um velho long play,
Talvez seja o Vati, e então...
Ele voltou! Sim, ele me quer!
Vou ao seu encontro e sou mulher!
Sim, ele vai ver agora sou
Pelo menos a guria que sonhou.
Olha, Vati, há muito não me vias,
Mas de verso em verso muito errei
Pelo mundo, a viajante que querias...
E agora, com toda esta bagagem,
Leva-me contigo que eu irei
Quietinha, assim, na carruagem!
19/01/2007
Nota da editora:
Este soneto, o último da vida e da obra da Alma, publicado por ela no Recanto das Letras, tocou muitas pessoas que vinham acompanhando a série pampiana, publicados um ou mais por dia, em tempo real. Os leitores talvez sentiram que se tratava de uma despedida, mas não conscientizaram, pois as leituras registradas desse soneto só dispararam quando coloquei na página de minha irmã (por encontrá-la com a senha salva no seu computador) o anúncio de sua morte, com detalhes, o que indignou a muitos, e peço desculpas. A partir do momento da publicação do anúncio fúnebre, as leituras deste soneto foram rapidamente para mais de 300 registradas nos cinco dias seguintes,enquanto o total das leituras dos textos da Alma subiram mais 2.000 atingindo a marca de 14.000 e tantas, o que mostra a curiosidade válida, ou mórbida, não julgo, que as últimas palavras de um(a) grande poeta causam nos seus pares ou mesmo no público em geral.
PS (Como continuo encontrando na arca da poetisa sonetos que por seu espírito e temática se encaixam na série Pampiana, não numerarei por ora este "A Carruagem" e o republicarei no blog ao final, no fechamento da série, quando então saberemos quantos são os SONETOS PAMPIANOS DA ALMA). (Lucia Welt)
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Estrelas que mais brilham (de Alma Welt)
224
Me lembro do meu Vati me contar
Que as estrelas viviam e morriam
Depois de envelhecer e definhar
Mas que no final, pasme! explodiam!
Para de novo tudo tudo começar
Mas em "super-nova", em brilho incrível.
E eu então comecei a matutar
Se não ocorre o mesmo em nosso nível
Pois como estrelas que um dia pereceram
E já não estarão na Branca Via
No exato lugar onde nasceram
Tenho certeza que eu por certo voltaria
Mesmo que outro fosse o meu pomar,
Querendo (que vergonha!) mais brilhar...
20/12/2006
3 de out. de 2007
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Um comentário:
Olá Lúcia, neste belíssimo soneto soa de fato uma despedida, onde leio nas entrelinhas saudade misturada com certa alegria, onde "de verso em verso" Alma acertou no coração da poesia. Beijos.
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