23 de set. de 2007

A Vivandeira (de Alma Welt)

(218)

Pelas trilhas centenárias do meu prado
Por onde desfilam farroupilhas,
Suas prendas, chinas, piás e filhas
Que ainda hoje pisam no relvado

Como falange de espectros penados
Eu os vejo quando a lua é propícia
E a brisa envia-me a notícia
Do etéreo desfilar de rebelados.

Então, eu montada em minha égua
Corro pra alcançar o homem certo
Entre Bento, Canabarro e o bravo Netto*

Mas ao lado do Giuseppe e sua guarda,
Vivandeira volto lá pra retaguarda,
Ao ver a bela Anita em sua trégua...*

14/01/2007

Nota da editora:


"Bento, Canabarro e o bravo Netto" - Bento Gonçalves e os outros dois mais importantes comandantes da Revolução Farroupilha.

"Vivandeira,..."- As vivandeiras eram mulheres que acompanhavam os soldados, a pé ou em carroções atrás das colunas, nas marchas para os combates ou nas retiradas, pra tratá-los, fazer-lhes comida e dormir com eles nos acampamentos. Individualmente eram chamadas chinas, chinocas ou mesmo "prendas'. A maioria era de prostitutas, desveladas e prestimosas, as verdadeiras heroínas da "retaguarda".

*sua trégua... - Alma sutilmente parece querer dizer que encontra Anita não fazendo guerra mas amor(com Garibaldi) e por discreção volta para o final da coluna, lá pra junto das vivandeiras.(Lúcia Welt)

Um comentário:

peter disse...

encontrei por acaso este blog e que belo soneto. vou registar e procurar mais.