23 de set. de 2007

O nó e o muro (de Alma Welt)

(219)

Este casarão que chora e geme
Nas noites desta estância tão sofrida
É agora o companheiro da minha vida
Como um barco à deriva já sem leme.

E não parece dirigir-se ao futuro
Mas arrastado em voragem de retorno
Ao porto de partida junto ao muro
Que separa o jardim do prado em torno,

Ali onde o nó foi enterrado
Com que enforcou-se o Valentim
Que era o vero estancieiro despojado,

Que perdeu pro meu avô a sua estância
Em que esta branca Alma vem porfim
Viver a sua busca e sua ânsia...


15/01/2007

Nota da editora

Este soneto, encontrado recentemente, confirma a recorrência na poesia da Alma do tema do nó de forca e do suicídio. Eu me pergunto se essa obsessão foi a responsável por sua morte trágica, ou se tais poemas representam a angústia de uma premonição, pois foi com uma corda em seu pescoço que ela foi encontrada no lago da nossa cascata, afogada em circunstâncias ainda não bem esclarecidas. De qualquer forma tais poemas me causam uma sensação profundamente lúgubre e dolorosa. (Lucia Welt)

2 comentários:

Anônimo disse...

Boa noite, minha querida Lucia!
Encontrei o blog através do link, que consta no Leia Livro;imediatamente corri ate o blog para me deleitar com as palavras de minha amada Alma Welt.Sinto muitas saudades!!!!E nunca esqueci de voces,viu!?Sempre que posso visito tuas palavras no site, no livro(cujo amo o presente) e tambem no pensamento,historias e imagens gravadas na memoria.
Desculpe se estou ausente.Perdi minha conexao virtual, alem de deixar o tempo tomar conta de minhas acoes...mas ainda tenho um imensuravel desejo em conhecer-te,e conversar como faziamos...Agradeço as felicitaçoes que nos mandou a um certo tempo, meu amado Lau tambem lhe tem grande apreço e admiraçao!
Esta foi uma forma de me comunicar com voces..espero que nao se importe...Obrigada pela atençao.Adoro a todos, beijos e felicidades,minha amada Alma.

PRI NUNES

peter disse...

rico e lindissimo soneto !