(137)
O meu bosque é um mundo insuspeitado
Que tenho ao meu dispor desde guria,
Com as lições matinais da cotovia,
Embora ela não seja do condado.
O rouxinol, também, anoitecendo
Eu ouço na memória ancestral,
Tão européia, eu sei, e espectral,
Esta mente com que tanto condescendo.
Pois meu Vati sustentava as minhas horas
No bosque buscando o cogumelo,
Para voltar somente com as amoras...
E eu sabia que ele garantia
A minha alma ansiosa pelo belo
Que os tempos e os reinos confundia.
12/01/2007
Nota da editora:
Alma foi criada no meio dos livros, praticamente dentro da biblioteca clássica de nosso pai, o Vati (papai, em alemão). A cultura européia povoava o seu mundo interior que no entanto tinha raízes no pampa que a circundava. Neste soneto ela faz alusão à cotovia e a ao rouxinol, aves européias inexistentes no nosso Pampa (e no Brasil em geral) provavelmente por causa da famosa cena do Romeu e Julieta de Shakespeare. Também os cogumelos e as amoras representam essa polarização Europa-Brasil, que ela conciliava como cenários: imaginário e real, dentro de si. (Lucia Welt)
7 de ago. de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário