24 de jun. de 2007

Uma vez, guria, vi... (de Alma Welt)

(41)

Uma vez, guria, vi, estarrecida,
Um peão e sua chinoca no galpão
Sobre a palha, seminua, estendida
Ela gemia como em parto ali no chão.

Tinha as pernas no ar e muito abertas,
E o gaúcho mergulhava em suas coxas,
E eu, de onde estava, entre frestas
Via detalhes que poriam outras roxas.

Sim, eu via como aquilo adentrava
Chafurdando com estalos obcenos
Enquanto sangue e ranho exudava

Melando palhas agitadas qual acenos,
Grotescamente coladas nas virilhas,
Num flagrante de estranhas maravilhas!

20/12/2006

Um comentário:

Anônimo disse...

Que belíssimo poema, é a história de uma criança diante de uma cena de conjunção carnal, os olhos funcionando como câmera de cinema, pura recordação, memória, lembrança.